Um a um morrem os braços que sempre me perceberam. De forma injusta, porque não existe justiça nesta forma de vida que é a morte, não consigo tempo para me despedir. Eles vão e não voltam e eu estou e não estou, porque não estou lá quando eles precisam dos meus braços. As minhas pernas correm agora sem nunca acudir a qualquer destino. Já não será possível encontrar nenhum deles. Por mais que corra por mais que aguarde, eles já não irão chegar. Os comboios passam, os carros buzinam, as senhoras penteiam-se, tudo se movimenta. Olho em volta: rostos, folhas, vento, cores, vozes. Tudo tão próximo, tudo tão distante. E no entanto nenhum daqueles rostos é um dos que pretendia receber. Nunca mais será. Nada é claro e já nada é inocente. Afinal são os melhores que morrem.
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